Viagem no tempo é possível?

O que você faria se pudesse viajar no tempo?

Que possibilidades estariam disponíveis para a humanidade se fosse possível navegar na dimensão temporal?

Desde A Máquina do Tempo, de H. G. Wells, passando por contos de Isaac Asimov e outros, pelo Exterminador do Futuro, por De volta para o futuro, por Interestelar, pela série Dark e até por Vingadores - apenas para citar alguns exemplos -, esse assunto foi explorado por diferentes obras de ficção e causa fascínio em muita gente.


Contudo, nem sempre a abordagem tratada em várias obras está de acordo com alguns princípios físicos.

O (breve) texto a seguir, de minha autoria, foi publicado originalmente na revista Leia Agora, do Poliedro. Espero que gostem!


Viagem no tempo é fisicamente possível?

Durante a nossa vida, estamos sempre “viajando” para o futuro, em um ritmo que consideramos normal. Mas seria possível acelerar esse ritmo? Sim, a Física permite isso! Contudo, voltar ao passado pode ser muito mais complicado.

O tempo é relativo e flexível (assim como o espaço), segundo as leis da relatividade de Albert Einstein. Se duas pessoas se moverem com velocidades diferentes ou se experimentarem campos gravitacionais diferentes, o ritmo do tempo não será o mesmo para uma em relação à outra.

Um famoso exemplo disso é o paradoxo dos gêmeos. Imagine que um gêmeo fique na Terra enquanto o irmão dele viaja pelo espaço com velocidade próxima à da luz, retornando, depois, para o nosso planeta. Se, para o viajante, essa viagem durasse 10 anos, para o irmão ela poderia durar 2000 anos. Quanto mais próxima da velocidade da luz, maior será a diferença de tempo. Em nosso exemplo, o viajante retornaria 1990 anos à frente de sua época sem sentir a passagem desse tempo e sem que seu relógio a indicasse. 

Esse fenômeno já foi comprovado por meio de experimentos com partículas e com relógios atômicos. No caso das partículas, o tempo de vida média de múons a 99,94% da velocidade da luz foi dilatado em 29 vezes em relação aos que ficaram em repouso. 

Pesquisadores como o Kip Thorne, um dos agraciados com o Prêmio Nobel de Física em 2017, estudaram a possibilidade de criar uma máquina do tempo constituída de um buraco de minhoca – túnel hipotético que atravessa o hiperespaço e conecta dois locais do Universo, cada um com uma de suas extremidades (bocas). Enquanto esses túneis podem ser muito curtos, os locais conectados podem ser muito distantes.

Vamos supor que alguém abra um buraco de minhoca e leve uma das bocas em uma viagem tal como a do paradoxo dos gêmeos. Quando essa boca retornar, poderá ter envelhecido apenas um segundo, enquanto a outra envelheceria um dia. Se alguém entrasse em uma boca, sairia na outra em um dia do futuro! Já se fizesse o caminho inverso, sairia um dia no passado! 

Não sabemos se buracos de minhoca são permitidos pelas leis da Física, pois esses objetos provavelmente implodiriam tão rapidamente que nada poderia atravessá-los. Talvez o desenvolvimento da Física possa trazer soluções para isso. Em todo caso, precisaríamos investir em pesquisa científica e atingir uma tecnologia muito além da atual para viabilizar a viagem no tempo.

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Agradecimentos:
Edilene Faria Vianna (edição e preparação de texto) e Giselle Lourenço (revisão).
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Comente se quiser saber mais sobre o assunto!
Um abraço, do Surfista Gravitacional.

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